Nessa primeira terça-feira do mês, dia 04/09/2012, como de costume, aconteceu o Fórum Permanente de Educação Infantil no SinproRio. Nele, tivemos como proposta a realização de um debate dos candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro. Estiveram presentes apenas Aspásia Camargo do PV e Marcelo Freixo do PSOL. Rodrigo Maia foi o único que justificou sua ausência devido a compromissos em Brasília.
A questão central movida pelos participantes foi uma forte crítica à política educacional da gestão atual. Para tanto, foi determinado um tempo para os candidatos responderem três perguntas:
1. O que pensam sobre infância? E sobre a situação das crianças no Rio de Janeiro?
2. O que acham da gestão pública de educação?
3. Quais propostas poderiam apresentar em relação à Educação Infantil?
Os candidatos responderam as perguntas e apresentaram suas ideias e propostas, dadas as respostas, foi dado um tempo para os ouvintes colocarem questões e perguntas em pauta e em um terceiro momento, a posição de cada candidato, frente ao que foi exposto. Infelizmente, para o último momento, só pudemos contar com a presença de Freixo, visto que Aspásia tinha um outro compromisso de campanha, o que a impediu de continuar no debate.
Os dois candidatos mostraram ter duas concepções diferentes de criança. Aspásia falou da “criança do futuro”, enquanto Freixo criticou e afirmou que a criança é um sujeito de direitos e protagonista de sua história.
A candidata do PV foi a primeira a tomar a palavra e, do seu discurso, podemos destacar alguns pontos:
- Ela inicia contextualizando historicamente a educação infantil como direito desde a constituição de 88, mas apesar disso nada aconteceu automaticamente.
- Fala que o atual prefeito investe 17% ao invés dos 25% destinados à educação e garantidos por lei; Se eleita pretende assegurar que esses 25% de investimento sejam integralmente direcionados à educação.
- Fala da importância de estarmos organizados em Fórum e o quanto isso facilita a conversa entre professores e governo.
- Defende uma educação humanística, mais justa voltada para formação do ser humano, ou seja, para formação do cidadão consciente capaz de fazer uma sociedade mais justa e uma escola de tempo integral para todos.
- Para que, dessa forma, os profissionais da escola tenham um contrato de trabalho melhorado e não tenham a necessidade de dar aula em várias unidades tendo como objetivo aumentar a renda, pois muitas vezes isso compromete o trabalho que é desenvolvido por eles, além de sua saúde e qualidade de vida. Essa questão abarca a logística da locomoção e do transporte.
- Coloca a integração da escola com a sociedade, partindo da realidade das comunidades locais, como um fator importante para a construção de uma identidade escolar sólida, mas que ao mesmo tempo respeita as diferenças.
-Expõe a necessidade da valorização do professor, que é um dos principais atores do processo educativo.
- Investimento na cultura, que diz ser referência para um bom futuro. Bem como nas modernidades que podem auxiliar a aprendizagem.
- Destaca que o contato com a natureza é algo que deve ser efetivado.
- A base de seu governo será no investimento na cultura e no meio ambiente.
Após sua fala, Freixo tomou o tempo para seu discurso.
- Ele inicia sua fala dizendo que nós vivemos um dilema que ultrapassa os limites dos muros das escolas, os números de jovens mortos por arma de fogo no Rio de Janeiro são maiores do que de um país em guerra, que são números de genocídio. E faz relação desses números com o papel da escola. Diz que cabe as autoridades constituidas a responsabilidade no sentido de assistir e proteger a criança.
- O Brasil não anda em conssonância com o que é previsto em lei. A legislação brasileira é muito elogiada, porém não é colocada em prática. Há muita distância entre o Brasil Real e o Brasil Legal.
- Defende que a criança é um sujeito de direitos e são também protagonistas desse direito. A escola não deve ser a escola do amanhã, nem as crianças do amanhã, e sim de hoje, do aqui e agora. O amanhã com certeza será consequencia do que fazemos hoje.
- Freixo também cita a gestão do atual prefeito e da defasagem de investimento na educação pública ao dizer que não usamos os 25% obrigatórios destinados à educação, o que se torna insuficiente. Ele diz que poderia e deveria ser melhor.
- Critica a falta de autonomia dos professores, como um dos problemas cruciais. Critica que ordens venham de cima, sem debate e sem democracia. Professores deixaram de ser protagonistas e a educação sem participação dos professores não acontece.
- Além disso as equipes de educação estão muito enxutas, funcionam apenas com o básico, o professor, o coordenador e o diretor. Quando deveria ter um trabalho integrado de psicologos,assitentes sociais etc.
- Critica o aumento na terceirização das tarefas dentro da escola. Que esse fator prejudica as relações socias dentro do ambiente escolar, pois aumenta muito a rotatividade de funcionarios nas escolas.
- Democracia na escola: fatores externos contribuem para a piora ou melhora do desempenho do aluno na escola.
- Crítica da política de meritocracia na escola.
- Critica a colocação de policiais militares na escola para dar segurança.
- Critica a ausência de um Plano Municipal de Educação
- Sugere transporte gratuito para crianças de escolas públicas, afirmando que esse fator influencia na qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos.
- Fala que os conselhos de educação devem ganhar poder e espaço
- Após perguntado comenta da vergonha que é uma cidade como o Rio de Janeiro ter apenas 12 conselhos tutelares funcionando e questiona como garantir os direitos da criança dessa maneira, ainda mais sendo o Rio de Janeiro uma cidade com tantas violações às crianças.
Precisamos de instâncias que resolvam o problema.
- Comenta também que não entende o mapa da administração das secretarias, o porque de serem tão descentralizadas, e isoladas o que dificulta o trabalho. Fala da falta de planejamento da cidade e da quantidade de burocracia. Sugere uma secretaria de planejamento democrático
- Freixo fala de um plano de carreira unificado que precisa de progressão, isso tem de melhorar.
- Afirma ainda que devem existir critérios bem definidos para distribuição de verba entre as escolas da Rede Municipal do Rj, que é uma das maiores do mundo.
- Diz que é indispensável que haja capacitação dos auxiliares de creche.
- Arremata dizendo que o educador que não acredita no que faz perde sua força para mudar a realidade.